Redução dos homicídios e da violência armada: um olhar sobre América Latina

Os homicídios são um fenômeno epidémico na América Latina, região que, nos últimos anos, vem registrando altas taxas de violência letal de forma continuada.

Calendário da chamada:

15 de setembro 2016: Data limite para o envio de resumos (300 palavras) e uma breve nota biográfica (100 palavras).

15 de outubro 2016: Comunicação aos autores do resultado da seleção.

Dezembro 2016: Data limite de entrega dos artigos completos (ver as instruções para os autores).

Todas as comunicações escritas se devem enviar ao correio eletrônico de publicações do CIDOBpublicaciones@cidob.org.

Coordenadores do monográfico: Ignacio Cano y Emiliano Rojido, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Os homicídios são um fenômeno epidémico na América Latina, região que, nos últimos anos, vem registrando altas taxas de violência letal de forma continuada. Em alguns países, o número de vítimas provocadas pelos homicídios –associados à delinquência organizada e a conflitos interpessoais– é superior ao número de mortes causadas pelas guerras civis de décadas passadas. A ascensão das taxas de homicídios nesta região aconteceu precisamente em períodos nos quais as tensões políticas eram mais moderadas e o crescimento econômico e a inclusão social apresentaram um balance mais favorável. Nesse sentido, a violência letal é um problema endêmico e não pode se esperar que a resolução dos conflitos políticos nem o simples desenvolvimento econômico o interrompam de forma automática.

Por outra parte, a eleição da promoção de sociedades pacíficas e inclusivas por parte das Nações Unidas como objetivo número 16 entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável tenderá a incrementar a importância da segurança pública como uma dimensão de comparação internacional e como uma prioridade na agenda política. Por isso, a taxa de homicídios –dada sua amplia difusão, comparabilidade e relativa confiabilidade– adquirirá ainda maior importância como um dos indicadores centrais dessa dimensão.

Diversos países possuem décadas de experiência em políticas de prevenção da violência e da criminalidade em geral, assim como de promoção da segurança pública ou cidadã; porém, as políticas de prevenção e redução de homicídios, especificamente, são algo muito recente e sua expansão é ainda incipiente. Nas políticas mais amplas de prevenção da violência, as taxas de homicídios costumam figurar apenas como um indicador de desempenho ou como um critério de seleção das áreas ou dos grupos beneficiários, mas não ha necessariamente uma lógica que vincule diretamente a natureza da intervenção com a redução dos homicídios. Entretanto, é previsível –e o surgimento de alguns programas de redução de homicídios parece confirma-lo– que a prevenção desse tipo de violência letal adquira uma centralidade crescente no futuro, pelo menos em algumas regiões do planeta.

Com o número 116, Revista CIDOB d’Afers Internacionals pretende contribuir ao estudo deste tema; por isso convoca ao envio de trabalhos sobre tentativas de reduzir a violência armada na América Latina contemporânea, desde uma perspectiva das relações internacionais. Serão bem-vindas, entre outras, contribuições que aportem um trabalho original –empírico ou teórico– sobre:

a) impacto das estratégias de controle da violência armada nas relações internacionais nos diferentes países da região;

b) análise das estratégias de redução da violência em situações que não são equiparáveis a conflitos armados internacionais ou internos, e que não obstante provocam um alto número de vítimas mortais e altos custos sociais;

c) avaliação de programas de prevenção ou redução de homicídios, de qualquer natureza, desenvolvidos pelo poder público ou pela sociedade civil de qualquer país da América Latina;

d) reflexões teóricas sobre como as políticas de redução da violência armada convergem ou divergem de outras políticas públicas no âmbito da segurança pública ou das políticas sociais em geral;

e) análise das dinâmicas políticas nas quais se inscrevem as estratégias de redução da violência armada, incluindo estudos comparativos entre vários países da região.

As propostas serão aceitas em espanhol (preferivelmente), inglês e português.

O Conselho editorial da revista –coordenado neste número por Ignacio Cano e Emiliano Rojido– será o responsável da seleção final dos artigos que se publicarão no segundo número de 2017 (setembro 2017)

Criada em 1982, Revista CIDOB d’Afers Internacionals é uma publicação científica de relaciones internacionais que edita trabalhos originais. Cada número é um monográfico coordenado por um especialista que analisa em profundidade e de um ponto de vista multi e transdisciplinar um tema da realidade internacional. Os artigos passam por um processo externo de revisão por especialistas, num procedimento que garante o anonimato recíproco entre autores e revisores, e estão indexados e resumidos nas principais bases de dados académicas em ciências sociais, como Scopus e Thomson Reuters. A publicação está dirigida à comunidade acadêmica e ao público interessado em general. Edita-se em formato papel e digital.