Protestos não deixam tudo igual

Expresso - May 5, 2023

O Irão, ativistas defendem que há uma viragem em curso e que Estados Unidos e Europa pouco se têm esforçado para lá das palavras. “O movimento não terminou, ainda que tenha deixado as ruas”, sublinha Moussa Bourekba. “A melhor prova do caráter ameaçador destes protestos foi a reação musculada do regime”, reforça o investigador do CIDOB, Centro de Assuntos Internacionais de Barcelona. Não é a primeira vez que o Irão sai à rua em protesto. Nos últimos cinco anos, foram várias as manifestações e greves motivadas pela pobreza e a má gestão económica. Esta é mais uma onda que confirma o descontentamento, afirma Bourekba. “Foi transversal à sociedade e questionou o sistema político”, ressalva. Como em 1979, as mulheres foram dos principais motores da revolução e das mais castigadas quando se esqueceram os ideais. Bourekba diz que a mão ficou mais pesada dada a interpretação do islão — que confere autoridade intelectual, moral e monetária ao homem — e pelo que representam. “No Irão, como noutros países da região, as mulheres acumulam décadas de luta. Há uma tradição de movimentos sociais. Não foi por acaso que, a partir de 1979, se agravaram as restrições sobre o corpo, educação, emancipação política.”

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